segunda-feira, 15 de outubro de 2007


tensão; rugas; branco para todo lado; 'somente um acompanhante'; "ela tava chorando, tava passandp mal"; muitas cadeiras e todos em pé, andando em círculos; minha tentativa frustrada de engolir saliva; japoneses e descendentes se comunicando em uma língua pra lá de oriental; macas com rodinhas; um grito; cadeiras de roda; "voce é o Brunno, é?"; jovens médicos chocados, burocracia; testas enrugadas; olhos vermelhos; moça bonita mancando; televisão alta, porém ninguém se dá conta que há alguma alí; sirene; "abre a boca"; velamox amoxicila triidratada, claritin d, benalete, paracetamol, diclofenaco de potássio; 'curativo em horário comercial [?]; febre; 57 drágeas de drogas guel'a'dentro; organismo abatido, papel, caneta, e percepções no espaço.
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[ anotações feitas durante 7 minutos de espera em um hospital particular. Agora, imaginem o que se passa durante um mês em um hospital público... ]

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Então porque fechas tua mente?


Os homens preocupam-se mil vezes em ficar ricos do que em adquirir cultura. No entanto, é certo que aquilo que um homem é contribui muito mais para a sua felicidade do que aquilo que ele tem.”

Comecemos esta minha série de devaneios sobre o comportamento humano, sabedoria, e filosofia analisando este pequeno trecho retirado de um compacto filosófico. A maioria das pessoas com quem convivo concordaria com este ‘tratado’. Porém, quando começo a analisar de maneira mais criteriosa vejo que, na prática, muitos de nós acabamos por cair em contradição. Aí vai um exemplo... Outro dia encontrei com um colega, o F., papo-vai-papo-vem e caímos sempre na mesma: ele desistiu do curso de odontologia por acatar com informações que afirmam que, salvo raras exceções, que odontólogos são pobres, trabalham mais do que deveriam, não são valorizados, e quando conseguem algum trocado no fim da vida a coluna já se desfez depois de tantos anos em pé olhando a boca do desconhecido. Então ele voltou pro cursinho, pois quer ser rico e saudável. O único diferencial nas conversas se dá pela nova escolha da profissão – e acreditem, sempre é uma diferente. Já discutimos sobre publicidade, fisioterapia, direito, arquitetura, artes cênicas, música, enfermagem, enfim. E com a mesma voz segura de todas as vezes, ele solta:

- Medicina!

- Hm... Mas tu já tinhas pensado em ser médico e tal? – Indago.

- Não cara. Andei pensando desde a desistência do Direito, faz uns dois meses. E cirurgia dá grana, pô. É sério! O pai da minha amiga troca de carro como quem troca de escova de dente.
Então eu faço uma cara de “podecrê” e fim de papo. Pois é, não precisa ir longe pra ter um exemplo e analisar o quanto uma vida pode ser totalmente voltada para a aquisição de bens materiais.

Mas daí me surge questionamentos quanto às causas deste comportamento – questionamentos confusos, sim, mas creio que válidos, ou não. Sociólogos, antropólogos, economistas e comunicólogos explicariam o consumismo seguindo como linha de raciocínio conceitos da lógica capitalista que influenciam no comportamento humano, e a maioria dos estudos básicos que tenho na faculdade visam principalmente o entendimento desta engrenagem do capital aliado aos alicerces psicológicos da sociedade. No entanto, a vereda que colocarei em voga será a filosófica, e o uso do instrumento chamado AUTO-CONHECIMENTO visando o esclarecimento humano e a resolução de problemas que afetam a vida, sejam lá de que gêneros eles forem.

Sabe-se que “de dez coisas que nos aborrecem, nove não aborreceriam se as compreendêssemos integralmente em suas causas e, conseqüentemente, compreendêssemos sua verdadeira natureza.” Então... Será que o problema do F. e dos milhares de F.s no mundo não é esse? Talvez não tivesse trancando a matrícula caso houvesse, antes, a compreensão que a sua busca até agora foi motivada pelo dinheiro, e não por prazer e satisfação? Sei que é impossível achar respostas rápidas para este tipo de questionamento, mas creio piamente que a formação da consciência, isto é, a compreensão das amarras que dominam as nossas vontades é um esforço que se fosse levado um pouco mais a sério teríamos menos dores de cabeça, ou com diz a Dona Juçara – minha mãe, “daríamos menos murros em pontas de facas”.


É claro que esta análise engloba várias discussões sobre psicologia, filosofia, e tantas outras ciências que surgiram para o entendimento do homem e da sociedade, e meu intuito aqui não é discutí-las. Mas ficaria feliz se alguém concordasse, neste momento, que uma das maiores maravilhas do mundo não é conquistá-lo, e sim dominar a sí mesmo. E como a filosofia não propõe o seu estudo através de meras leitura e estudos passivos, deixo a proposta filosófica de pensamento aliado a experiência na tentativa de nutrirmos o nosso auto-conhecimento.
Abraços!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

chega uma hora né... que cansa.




Cansei... Cansei de corrupção descarada, da falta de respeito com o cidadão brasileiro, cansei de forças-tarefa, CPI’s mal-acabadas, da cara do Lula alegando que não sabia de nada, muito menos dos ‘acertos’ no Congresso Nacional. Cansei de ver crianças e idosos falecerem em postos de saúde de todo o País por pura negligência no atendimento médico. Também cansei de ônibus queimado, do poder paralelo dos traficantes, bala perdida, mais forças-tarefa. Cansei de censura governamental nos meios de comunicação – disfarçada em forma de regulamentação. De desemprego, falta de condições mínimas para viver. Cansei de caos aéreo, e acima de tudo, cansei de ‘relaxar e gozar’ – aliás, não gozar, e morrer de desgosto por nascer em um País como o Brasil.

Esta é a idéia central da Campanha ‘Cansei... ’, que lançou o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo e com a participação de diversas entidades e lideranças da sociedade civil, visa sensibilizar os brasileiros a pararem durante um minuto, às 13 horas do dia 17 de agosto, quando o acidente com o avião da TAM completará 30 dias.
A campanha foi lançada no dia 27 de Julho com peças impressas, e um vídeo que demonstra a indignação dos brasileiros diante do caos, em todas as esferas sociais, que enfrentamos. Trata-se de uma manifestação pacífica e silenciosa que, apesar de ser de muitíssima importância para o Brasil, não foi abraçada com carinho pelos principais representantes do setor de comunicação (ABI, ANJ, FENAJ, ABAP, FENAPRO, ANER), e nem pelas maiores detentoras de poder de comunicação de massa, como a Rede Globo, Bandeirantes, e Record. E este é um fato curioso para alguns e preocupante para todos...
É notória a intenção da OAB em ‘atacar’ o Governo Lula, e por este motivo as emissoras acima citadas não se manifestaram de forma alguma com o interesse de veicular a campanha publicitária ( e não são tão bestas a tal ponto... em outras palavras: sabem que – no caso deles - em calo de Governo não se pisa). Portanto, a veiculação se restringe aos formadores de opinião, blogueiros, comunicólogos e jornalistas independentes, comunidades cibernéticas, enfim... A classe mais esclarecida politicamente, e que se engaja na divulgação de um movimento como este.

A revolta é grande, nós sabemos. Então faça a sua parte, avise aos amigos, mobilize pelo menos mais alguma pessoa. A idéia é fomentar a mobilização democrática e cidadã dos brasileiros.
Somos cientes de que o povo tem o Governo que merece, mas se nós – os detentores de educação e esclarecimento político – fecharmos os olhos para os problemas que enfrentamos, deixando aquele bando de catitas em Brasília transformarem o País inteiro num puteiro, as coisas poderão ficar muito piores. E todos já devem ter noção da merda de nação que vamos ter caso campanhas assim não sejam levadas mais a sério.


+ Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=36632518
+ Vídeo da Campanha 'Cansei...' no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=j8fhLhyS8bk

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A Cura de Schopenhauer .


Quem me conhece, pelo menos um pouco, sabe que admiro literatura. Heranças de meu pai, que mesmo a contragosto, me jogava alguns livros de auto-ajuda quando estava iniciando meu 2° grau. Conseguiu fazer nascer essa paixão pelos livros, e 'de quebra' me fez odiar os de auto-ajuda. ;) Creio que o único gênero literário que faz eu franzir a testa quando chega com um novo título no dia do meu aniversário.

Pois bem, vamos ao que interessa. Emprestei de uma amiga o livro "A cura de Schopenhauer", do mesmo autor de "Quando Nietszche chorou". Para quem tem interesse em psicoterapia, teorias de filósofos como Schopenhauer e Nietszche, relações conflituosas entre pessoas, sexo, dor, angústia, sinceridade, e doações, é uma ótima indicação.

O livro é recheado de relatos comoventes e desafiadores dos personagens, que se dedicam totalmente a terapia de grupo com o intuito de resolver problemas pessoais. Tal abordagem, aliada a citações filosóficas, nos propicia uma gostosa análise sobre a forma com que os relacionamentos pessoais se formam, e se transformam. Enfim... um belo aperitivo para aqueles que se permitem a tentar desvendar os mistérios da mente, e de seus corações através de uma leitura gostosa e desafiadora.

Para começar a pensar um pouco, aí vão algumas citações contidas no livro:

Uma vida feliz é impossível. O máximo que se pode ter é uma vida heróica.

A sólida base de nossa visão do mundo e também o grau de sua profundidade são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera. “ ( é... isso mesmo. Freud ‘ de uns goles nas águas’ de Schopenhauer ).

O sexo se intromete seu lixo e interfere nas negociações dos estadistase nas pesquisas dos eruditos. Destrói os relacionamentos mais preciosos e tira os escrúpulos dos que antes eram honestos e direitos.

Os escritos e idéias deixados em livro por homens como eu são meu maior prazer na vida. Sem livros, teria me desesperado há muito tempo.


- A Cura de Schopenhauer – Irvin D. Yalon. Ed. Ediouro.

domingo, 25 de março de 2007

A Comunicação e sua culpa no cartório social.



Acho que foi por causa de um livro, ou pela falta de ética denunciada massivamente em todas as mídias, que me pôs a pensar sobre o assunto. Pois bem... a ladainha da vez é a COMUNICAÇÃO DE MASSA e seus efeitos. Assunto delicado e muito estudado por Comunicólogos do mundo inteiro. Com a ajuda de um autor chamado Roberto Menna Barreto, e seu livro ‘Análise Transacional da Propaganda’( uma análise sobre a propaganda baseada em uma teoria psicológica ), teci alguns argumentos que considero relevantes para qualquer pessoa que esteja exposta aos meios de comunicação – Ou seja, o mundo todo, sem exceção - , e especialmente para aqueles que estudam e/ou trabalham com comunicação, ou se simpatizam com o tema.

Que fique bem claro, meu intuito não é ‘satanizar’ o Publicitário, Jornalista, ou RP com este devaneio. A grande ‘sacada’ aqui é tentar entender um pouco melhor, de forma racional e crítica, a prática destas profissões. ( Acham que eu escreveria algo que desfavorecesse a profissão na qual pretendo ascender pessoal e financeiramente? ).

“Todos nós que trabalhamos com idéias – práticas e comerciais – avaliadas unicamente em função de retornos econômicos, somos parte da cultura verdadeiramente triunfante do nosso século”.

Acima a frase escolhida para começar a reflexão. Menna Barreto se refere aos profissionais de comunicação e a cultura do consumo. A cultura do ‘ estar na moda’, do ‘atualizado tecnologicamente’, e de todas as outras formas de demonstrar quem possui a detenção do poder econômico necessário para se adequar a lógica do capitalismo: COMPRE... AGORA! Se quiser ser melhor do que o seu vizinho, amigo, ou colega de trabalho.

Decerto, sei que todos que pelo menos acompanham os jornais ou outras formas de informação cotidiana, e tomaram conhecimento do escândalo político envolvendo agências publicitárias usadas como ferramentas pró-corrupção. Confere?
Citei o ocorrido apenas para pegar o gancho da idéia ‘ a comunicação e sua culpa no cartório social’. Mas falo de uma culpa conquistada através de trabalho honesto – ao contrário do ocorrido -, feito por profissionais altamente competentes, e qualificados, ou não. E que estão ali para fazer de tudo e mais um pouco para que a massa compre seus produtos, e adote práticas consumistas e ideologias capitalistas como valores universais. E com isso, fazem com que as pessoas sobrevivam rodeadas por essa cultura irreal, camuflada, e que todos nós tenhamos uma errônea e falsa impressão sobre o cenário social moderno. Há os cientistas, filósofos, e sociólogos que criticam tais práticas, que as julgam como formas de alienação, e que a propaganda e o jornalismo surgiram para ‘cozinhar ao banho Maria’ a massa. Neste ponto até concordo, mas depois de uma breve reflexão surgem perguntas como: Mas quem surgiu primeiro, as agências de comunicação ou o consumismo? Os jornais ou a vontade de saber dos acontecimentos, mesmo que editados ao bel prazer do jornalista? Ficam as perguntas.

Certa vez, Carlito Maia, publicitário brasileiro de carreira excepcional, foi indagado em uma palestra:
- Existe Responsabilidade Social nos meios de comunicação?

Deixou a pergunta no ar e calou-se em sinal de luto. Atitude facilmente interpretada por quem conhece a realidade do mercado de comunicação no mundo, dos interesses de todos os lados neste tipo de negócio, e do volume de dinheiro envolvido. Não há o que explicar, somos todos TODOS vítimas e cúmplices da falta de responsabilidade social, sobretudo os que vivem à custa da comunicação. Falo destes que atiçam o subconsciente social, que determinam valores, elegem candidatos, apóiam ou derrubam movimentos sociais, denunciam fraudes, e que tornam a vida miserável da maioria dos terráqueos em um milagre a cada superação tecnológica, e transformam a realidade em algo mais belo, mágico, e inexplicável a cada comercial de Tv, anunciando o que eles nem sequer tem poder aquisitivo para ter.

E isto tudo é obra de artistas, quer dizer, ‘gente originariamente nascida para a alta realização nas artes plásticas ou na literatura, mas que preferiu, prioritariamente, ganhar dinheiro’, afirma Barreto.

Eis o que chamamos de prosperidade. A prosperidade do capital baseada em alicerces psicológicos, e cada vez mais subliminares. Onde você, que está lendo, é a alma do negócio. Tome cuidado. ;)

quinta-feira, 15 de março de 2007

Tempos Modernos?


São 10:30 da manhã, você acorda e, ainda de cueca folheia páginas de um livro qualquer, apenas para ativar seu neurônios ainda anestesiados pelo excesso de álcool ingerido na noite interior... Água, leite, alguns biscoitos, ovos, e um baseado. Põe um Jorge Ben pra tocar, senta, começa a organizar seu dia de trabalho, e fica a espera de um lapso, uma sinapse neural divina que lhe dê os rumos de um novo anúncio – e mesmo ganhando R$400 por mês acha aquilo o máximo, e o chama de um novo sistema de produção que o Diretor implantou na agência baseado em uma teoria de um sociólogo italiano que veio ministrar uma palestra no Brasil, mas que nem sequer explicou para os funcionários do que se tratava. Apenas ordenou: vão para suas casas, criem, e só me liguem quando tiverem certeza de que vou ganhar dinheiro com suas idéias.


Consulta o briefing, rabisca, fala só, se neura, e o queima. Imagina a nova musa da novela... que pode ser alienada, semi-analfabeta, racista, interesseira, e galinha, mas têm aquele belo busto capaz de se encaixar perfeitamente no novo sutiã high-tech, ultra-revolucionário, que passa de 40 em 40 segundos no canal da TV por assinatura – claro, nos intervalos do BBB - e que promete fazer maravilhas com os seios - até - da Dercy Gonçalves em uma semana, e sem dieta... o ‘maravilhoso’ produto que o seu cliente pretende vender as suas custas. E que você, subordinado ao Diretor de Criação da agência, está encubido de produzir peças tão criativas que convença até o Jô Soares à experimentar.


Infelizmente não consegue fazer alguma coisa 'do caralho', e de quebra, pra sacramentar a sua loucura originada por não se acostumar com a PARANÓIA que é o mercado publicitário, é apresentado pr'aquele carinha, seu ex-colega de turma, de família rica, um dos mais bagunceiros da turma, que ao contrário de você – que passou 4 anos sentado numa cadeira de faculdade anotando 'regrinhas pra ser criativo', fez uma pós em SP, fala inglês fluentemente, além de ter feito intercâmbio – largou o curso no quarto semestre, deu umas viajadas, fala 'Photoshopês' e 'Corealiza' até pensamento, e que agora é a sua dupla de criação. Uma 'chance' que seu patrão lhe deu pra tentar produzir pelo menos UM impresso de boa qualidade que seja, antes de começar a avaliar a sua possibilidade de demissão.


Olha Brunno, esse é o Flávio, indicado pela CAIXA 2 – COM. E MKT lá de São Paulo. Ele é a sua nova dupla. Dessa vez tem que 'sair' né? - e faz uma cara de 'semi-desemprego' antes de bater a porta.


Nem é preciso dizer que foi demitido, certo? E o pior, ainda vê o Flávio ganhar um Leão de Ouro em Canes no ano seguinte, e com um anúncio fantasma. Enquanto isso, você escreve em blogs como este, pra tentar tirar um trocado do GOOGLE com esse papo de Link Patrocinado. Achando isso o máximo, é claro. ;)


Consultas:

Domenico de Masi – Teoria do Ócio Criativo.

Livro: Criação sem Pistolão – Carlos Domingos.

Filme: Tempos Modernos – Chaplin.

Blog: Brainstorm.