terça-feira, 9 de outubro de 2007

Então porque fechas tua mente?


Os homens preocupam-se mil vezes em ficar ricos do que em adquirir cultura. No entanto, é certo que aquilo que um homem é contribui muito mais para a sua felicidade do que aquilo que ele tem.”

Comecemos esta minha série de devaneios sobre o comportamento humano, sabedoria, e filosofia analisando este pequeno trecho retirado de um compacto filosófico. A maioria das pessoas com quem convivo concordaria com este ‘tratado’. Porém, quando começo a analisar de maneira mais criteriosa vejo que, na prática, muitos de nós acabamos por cair em contradição. Aí vai um exemplo... Outro dia encontrei com um colega, o F., papo-vai-papo-vem e caímos sempre na mesma: ele desistiu do curso de odontologia por acatar com informações que afirmam que, salvo raras exceções, que odontólogos são pobres, trabalham mais do que deveriam, não são valorizados, e quando conseguem algum trocado no fim da vida a coluna já se desfez depois de tantos anos em pé olhando a boca do desconhecido. Então ele voltou pro cursinho, pois quer ser rico e saudável. O único diferencial nas conversas se dá pela nova escolha da profissão – e acreditem, sempre é uma diferente. Já discutimos sobre publicidade, fisioterapia, direito, arquitetura, artes cênicas, música, enfermagem, enfim. E com a mesma voz segura de todas as vezes, ele solta:

- Medicina!

- Hm... Mas tu já tinhas pensado em ser médico e tal? – Indago.

- Não cara. Andei pensando desde a desistência do Direito, faz uns dois meses. E cirurgia dá grana, pô. É sério! O pai da minha amiga troca de carro como quem troca de escova de dente.
Então eu faço uma cara de “podecrê” e fim de papo. Pois é, não precisa ir longe pra ter um exemplo e analisar o quanto uma vida pode ser totalmente voltada para a aquisição de bens materiais.

Mas daí me surge questionamentos quanto às causas deste comportamento – questionamentos confusos, sim, mas creio que válidos, ou não. Sociólogos, antropólogos, economistas e comunicólogos explicariam o consumismo seguindo como linha de raciocínio conceitos da lógica capitalista que influenciam no comportamento humano, e a maioria dos estudos básicos que tenho na faculdade visam principalmente o entendimento desta engrenagem do capital aliado aos alicerces psicológicos da sociedade. No entanto, a vereda que colocarei em voga será a filosófica, e o uso do instrumento chamado AUTO-CONHECIMENTO visando o esclarecimento humano e a resolução de problemas que afetam a vida, sejam lá de que gêneros eles forem.

Sabe-se que “de dez coisas que nos aborrecem, nove não aborreceriam se as compreendêssemos integralmente em suas causas e, conseqüentemente, compreendêssemos sua verdadeira natureza.” Então... Será que o problema do F. e dos milhares de F.s no mundo não é esse? Talvez não tivesse trancando a matrícula caso houvesse, antes, a compreensão que a sua busca até agora foi motivada pelo dinheiro, e não por prazer e satisfação? Sei que é impossível achar respostas rápidas para este tipo de questionamento, mas creio piamente que a formação da consciência, isto é, a compreensão das amarras que dominam as nossas vontades é um esforço que se fosse levado um pouco mais a sério teríamos menos dores de cabeça, ou com diz a Dona Juçara – minha mãe, “daríamos menos murros em pontas de facas”.


É claro que esta análise engloba várias discussões sobre psicologia, filosofia, e tantas outras ciências que surgiram para o entendimento do homem e da sociedade, e meu intuito aqui não é discutí-las. Mas ficaria feliz se alguém concordasse, neste momento, que uma das maiores maravilhas do mundo não é conquistá-lo, e sim dominar a sí mesmo. E como a filosofia não propõe o seu estudo através de meras leitura e estudos passivos, deixo a proposta filosófica de pensamento aliado a experiência na tentativa de nutrirmos o nosso auto-conhecimento.
Abraços!

Um comentário:

lorenagoretti disse...

1. Sim, trabalho em agência
2. Eu nao falo de mim no texto. Qualquer pessoa que ler direito o texto vai entender que nao falo de mim. A construção das orações sem o ponto no final e um único ponto no fim do texto e a entrega de estou falando do ser que se encontra abaixo do símbolo > no teclado... são pistas no meio do texto sobre o narrador.
É pra ser difícil de entender. GEralmente as pessoas logo associam a mim e eu quase nunca falo de mim. No máximo o que falo é como ficção, não é exatamente de mim que falo.
Mas enfim, acho demais essa história de explicar texto. Não entendeu, não entendeu. hehehe

Forte abraço e bom Círio