sexta-feira, 4 de julho de 2008


Eu, sempre, como "romântico no ninho", em busca do conhecimento e procurando formas de amor/amar dentro de mim, vou carregar uma frustração com relação a esse sentimento. A de não conhecer, e de ter a certeza absoluta de que nunca vou conhecer, uma de suas formas. Sei, porque já vivi, pelo menos duas vezes, uma das manifestações mais bonitas de que se pode imaginar que esta chama pode nos proporcionar. Falo do amor carnal-confidente-companheiro-romântico, nesta simples e diversa realidade... Mas, sinceramente, fico perturbado diante de algumas situações. Sim, estou escrevendo sem procurar articular as palavras de modo que a leitura fique fácil porque realmente eu estou confuso.

Mas me digam, o que faz as mães amar tanto? Aliás, de ontem vem toda essa chama? Exemplo? Lá vai...
Não teve um dia, nestas úlimas semanas, que eu chegue do trabalho e não termine a noite discutindo com a minha mãe. Até aí quase "tudo bem", sem perplexidade. O que me intriga é o fato de que nas manhãs seguintes ela pega o meu óculos, o limpa, me dá um beijo na cabeça, sorri, e vai trabalhar. E eu, ferido pelo amor me ofertado, desperto em comoção, angustiado, tentando ser um pouco mãe do mundo. De um mundo que me pariu.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

hobby.


Outro dia peguei um ônibus, destes que levam as pessoas sonolentas pro trabalho as oito, e comecei a observar as pessoas. É o meu hobby preferido, observar as pessoas, ver as reações delas ao serem contrariadas, tentar entender o que se passa na cabeça de um desconhecido quando ele insiste em puxar a cordinha mais de três vezes mesmo sabendo que uma única vez é o suficiente para o motorista notar que a lâmpada em péssimas condições, mas que ainda pisca, está cumprindo a sua função de alerta. Poisé, me preocupo com estas coisas simples, que quase ninguém para pra pensar, mas que eu insisto em afirmar que é uma das minhas funções nesse mundo... Observar.
Comumente leio. Entro, sento, e leio. Aliás, Entro, sento, leio, observo um, sigo o passo de outro, torno a ler, e às vezes até leio observando alguém - só não me pergunte como. Numa dessas, semana passada, fui me encontrar com uma amiga na Casa das Onze Janelas. Fiz tudo direitinho: entrei, sentei, li e observei. Até que acontece um fato que testa ao máximo esta minha habilidade (se assim podemos dizer), um tipo de avaliação bimestral de "Observação Experimental I" ou qualquer disciplina com nome parecido. Eu lia "Eu tomo conta do mundo" da Clarice, quando um carro desgovernado parte para cima de uma família no acostamento. Gritos, desespero, um "ele vai bater neles" ouvido em meio de um "tomo desde criança conta de uma fileira de formigas" lido, uma experiência única. Eu me dividia em olhar pro carro em direção da família, ler o parágrafo das formigas, interpretar o que todas aquelas pessoas estavam gritando, e ainda tinha que me posicionar a respeito daquela situação toda. Digo, minha aflição se dava por não saber como agir: se eu entendia o conto lido, apoiava a gritaria, ou acompanhava visualmente o desenrolar do fato.
Se fui egoista? Talvez sim. Na verdade eu estava mais preocupado com o desenrolar do conto do que o desfecho do não-atropelamento - eu sabia que não aconteceria nada, uma certeza só minha, e que por algum motivo misterioso eu a tinha. E foi o que aconteceu. Cessaram-se os gritos, choros, medo, e nervosismo, então a família entrou no ônibus ainda assustada. Acalmaram-se e depois riram como se estivessem em uma platéia circense, lembrando do ocorrido. Na verdade do não-ocorrido. Foi nessa hora que o meu surto foi maior. "Porque riram?". Queria vê-los rir, sim. E também chorar, logo após o riso. Por um momento me deu um certo nojo de mim que, trocando em miúdos, queria vê-los sofrendo, e da família que ousou rir do seu destino. Achei aqueles risos eram um desrespeito com o destino, ou com Deus, que os teria salvado.
Não sei o motivo, mas eu ajo como um tolo nessas horas. Eu quero ver as duas versões, o riso e o pranto, quero saber até onde o ser humano pode chegar e como ele se comporta com essa perplexidade de sentimentos. Eu me alimento das agonias. Não sei se isso pode ser chamado de perversidade, eu gostaria que não fosse assim chamado, inclusive porque me considero uma pessoa boa. Contudo, sou muito curioso... O meu desejo de observar e viver o mundo é tão grande que não cabe só nessa vida, nesse corpo, me sinto com os sentidos ainda muito limitados para viver o mundo real. Eu quero mais. Quem dera se pudesse chorar a dor dos outros, rir do prazer alheio, viver o mundo das pessoas na rua.
É confuso querer viver o mundo ainda mais, e confesso que talvez ficasse louco se conseguisse. Digo, observá-lo nos seus momentos de gozo e agonia e trazê-los para si, independente de qual, apenas por crer que seria o modo mais justo de arcar com as conseqüências que essa confusão toda pode me trazer - Cultura = moeda?. E tenho medo. Medo de assustar as pessoas mais próximas simplesmente revelando o quanto eu preciso e de quanto eu me sinto pobre de mundo, pois sei que eu observo o mundo por querê-lo, e o quero porque a vida não basta. Talvez seja loucura... Ou não, pode ser somente curiosidade e egoísmo, coisa que a minha suposta inteligência sensível ainda não consegue decifrar.
Às vezes penso que o problema é que eu, além de assumir a função de observador, penso muito, a todo o momento. Daí eu escrevo, pois assim tenho a chance de experimentar o meu mundo, o que vivo e sinto... Enfim, invento um conforto para o meu corpo.

terça-feira, 29 de abril de 2008

minha linguagem de alunte...



salve os baianos, chamados de novos, que de novos não tem nada, mas que são tão baianos e tão novos de alma que acabam por assim ser. E nós, da cultura hi-tech, novos brasileiros, só resta admitir ter [muito] que re-aprender a sorrir, batucando a música dos velhos.

Por isso que eu digo, "quero morrer numa batucada de bamba... na cadência bonita do samba".

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


tensão; rugas; branco para todo lado; 'somente um acompanhante'; "ela tava chorando, tava passandp mal"; muitas cadeiras e todos em pé, andando em círculos; minha tentativa frustrada de engolir saliva; japoneses e descendentes se comunicando em uma língua pra lá de oriental; macas com rodinhas; um grito; cadeiras de roda; "voce é o Brunno, é?"; jovens médicos chocados, burocracia; testas enrugadas; olhos vermelhos; moça bonita mancando; televisão alta, porém ninguém se dá conta que há alguma alí; sirene; "abre a boca"; velamox amoxicila triidratada, claritin d, benalete, paracetamol, diclofenaco de potássio; 'curativo em horário comercial [?]; febre; 57 drágeas de drogas guel'a'dentro; organismo abatido, papel, caneta, e percepções no espaço.
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[ anotações feitas durante 7 minutos de espera em um hospital particular. Agora, imaginem o que se passa durante um mês em um hospital público... ]

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Então porque fechas tua mente?


Os homens preocupam-se mil vezes em ficar ricos do que em adquirir cultura. No entanto, é certo que aquilo que um homem é contribui muito mais para a sua felicidade do que aquilo que ele tem.”

Comecemos esta minha série de devaneios sobre o comportamento humano, sabedoria, e filosofia analisando este pequeno trecho retirado de um compacto filosófico. A maioria das pessoas com quem convivo concordaria com este ‘tratado’. Porém, quando começo a analisar de maneira mais criteriosa vejo que, na prática, muitos de nós acabamos por cair em contradição. Aí vai um exemplo... Outro dia encontrei com um colega, o F., papo-vai-papo-vem e caímos sempre na mesma: ele desistiu do curso de odontologia por acatar com informações que afirmam que, salvo raras exceções, que odontólogos são pobres, trabalham mais do que deveriam, não são valorizados, e quando conseguem algum trocado no fim da vida a coluna já se desfez depois de tantos anos em pé olhando a boca do desconhecido. Então ele voltou pro cursinho, pois quer ser rico e saudável. O único diferencial nas conversas se dá pela nova escolha da profissão – e acreditem, sempre é uma diferente. Já discutimos sobre publicidade, fisioterapia, direito, arquitetura, artes cênicas, música, enfermagem, enfim. E com a mesma voz segura de todas as vezes, ele solta:

- Medicina!

- Hm... Mas tu já tinhas pensado em ser médico e tal? – Indago.

- Não cara. Andei pensando desde a desistência do Direito, faz uns dois meses. E cirurgia dá grana, pô. É sério! O pai da minha amiga troca de carro como quem troca de escova de dente.
Então eu faço uma cara de “podecrê” e fim de papo. Pois é, não precisa ir longe pra ter um exemplo e analisar o quanto uma vida pode ser totalmente voltada para a aquisição de bens materiais.

Mas daí me surge questionamentos quanto às causas deste comportamento – questionamentos confusos, sim, mas creio que válidos, ou não. Sociólogos, antropólogos, economistas e comunicólogos explicariam o consumismo seguindo como linha de raciocínio conceitos da lógica capitalista que influenciam no comportamento humano, e a maioria dos estudos básicos que tenho na faculdade visam principalmente o entendimento desta engrenagem do capital aliado aos alicerces psicológicos da sociedade. No entanto, a vereda que colocarei em voga será a filosófica, e o uso do instrumento chamado AUTO-CONHECIMENTO visando o esclarecimento humano e a resolução de problemas que afetam a vida, sejam lá de que gêneros eles forem.

Sabe-se que “de dez coisas que nos aborrecem, nove não aborreceriam se as compreendêssemos integralmente em suas causas e, conseqüentemente, compreendêssemos sua verdadeira natureza.” Então... Será que o problema do F. e dos milhares de F.s no mundo não é esse? Talvez não tivesse trancando a matrícula caso houvesse, antes, a compreensão que a sua busca até agora foi motivada pelo dinheiro, e não por prazer e satisfação? Sei que é impossível achar respostas rápidas para este tipo de questionamento, mas creio piamente que a formação da consciência, isto é, a compreensão das amarras que dominam as nossas vontades é um esforço que se fosse levado um pouco mais a sério teríamos menos dores de cabeça, ou com diz a Dona Juçara – minha mãe, “daríamos menos murros em pontas de facas”.


É claro que esta análise engloba várias discussões sobre psicologia, filosofia, e tantas outras ciências que surgiram para o entendimento do homem e da sociedade, e meu intuito aqui não é discutí-las. Mas ficaria feliz se alguém concordasse, neste momento, que uma das maiores maravilhas do mundo não é conquistá-lo, e sim dominar a sí mesmo. E como a filosofia não propõe o seu estudo através de meras leitura e estudos passivos, deixo a proposta filosófica de pensamento aliado a experiência na tentativa de nutrirmos o nosso auto-conhecimento.
Abraços!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

chega uma hora né... que cansa.




Cansei... Cansei de corrupção descarada, da falta de respeito com o cidadão brasileiro, cansei de forças-tarefa, CPI’s mal-acabadas, da cara do Lula alegando que não sabia de nada, muito menos dos ‘acertos’ no Congresso Nacional. Cansei de ver crianças e idosos falecerem em postos de saúde de todo o País por pura negligência no atendimento médico. Também cansei de ônibus queimado, do poder paralelo dos traficantes, bala perdida, mais forças-tarefa. Cansei de censura governamental nos meios de comunicação – disfarçada em forma de regulamentação. De desemprego, falta de condições mínimas para viver. Cansei de caos aéreo, e acima de tudo, cansei de ‘relaxar e gozar’ – aliás, não gozar, e morrer de desgosto por nascer em um País como o Brasil.

Esta é a idéia central da Campanha ‘Cansei... ’, que lançou o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo e com a participação de diversas entidades e lideranças da sociedade civil, visa sensibilizar os brasileiros a pararem durante um minuto, às 13 horas do dia 17 de agosto, quando o acidente com o avião da TAM completará 30 dias.
A campanha foi lançada no dia 27 de Julho com peças impressas, e um vídeo que demonstra a indignação dos brasileiros diante do caos, em todas as esferas sociais, que enfrentamos. Trata-se de uma manifestação pacífica e silenciosa que, apesar de ser de muitíssima importância para o Brasil, não foi abraçada com carinho pelos principais representantes do setor de comunicação (ABI, ANJ, FENAJ, ABAP, FENAPRO, ANER), e nem pelas maiores detentoras de poder de comunicação de massa, como a Rede Globo, Bandeirantes, e Record. E este é um fato curioso para alguns e preocupante para todos...
É notória a intenção da OAB em ‘atacar’ o Governo Lula, e por este motivo as emissoras acima citadas não se manifestaram de forma alguma com o interesse de veicular a campanha publicitária ( e não são tão bestas a tal ponto... em outras palavras: sabem que – no caso deles - em calo de Governo não se pisa). Portanto, a veiculação se restringe aos formadores de opinião, blogueiros, comunicólogos e jornalistas independentes, comunidades cibernéticas, enfim... A classe mais esclarecida politicamente, e que se engaja na divulgação de um movimento como este.

A revolta é grande, nós sabemos. Então faça a sua parte, avise aos amigos, mobilize pelo menos mais alguma pessoa. A idéia é fomentar a mobilização democrática e cidadã dos brasileiros.
Somos cientes de que o povo tem o Governo que merece, mas se nós – os detentores de educação e esclarecimento político – fecharmos os olhos para os problemas que enfrentamos, deixando aquele bando de catitas em Brasília transformarem o País inteiro num puteiro, as coisas poderão ficar muito piores. E todos já devem ter noção da merda de nação que vamos ter caso campanhas assim não sejam levadas mais a sério.


+ Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=36632518
+ Vídeo da Campanha 'Cansei...' no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=j8fhLhyS8bk

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A Cura de Schopenhauer .


Quem me conhece, pelo menos um pouco, sabe que admiro literatura. Heranças de meu pai, que mesmo a contragosto, me jogava alguns livros de auto-ajuda quando estava iniciando meu 2° grau. Conseguiu fazer nascer essa paixão pelos livros, e 'de quebra' me fez odiar os de auto-ajuda. ;) Creio que o único gênero literário que faz eu franzir a testa quando chega com um novo título no dia do meu aniversário.

Pois bem, vamos ao que interessa. Emprestei de uma amiga o livro "A cura de Schopenhauer", do mesmo autor de "Quando Nietszche chorou". Para quem tem interesse em psicoterapia, teorias de filósofos como Schopenhauer e Nietszche, relações conflituosas entre pessoas, sexo, dor, angústia, sinceridade, e doações, é uma ótima indicação.

O livro é recheado de relatos comoventes e desafiadores dos personagens, que se dedicam totalmente a terapia de grupo com o intuito de resolver problemas pessoais. Tal abordagem, aliada a citações filosóficas, nos propicia uma gostosa análise sobre a forma com que os relacionamentos pessoais se formam, e se transformam. Enfim... um belo aperitivo para aqueles que se permitem a tentar desvendar os mistérios da mente, e de seus corações através de uma leitura gostosa e desafiadora.

Para começar a pensar um pouco, aí vão algumas citações contidas no livro:

Uma vida feliz é impossível. O máximo que se pode ter é uma vida heróica.

A sólida base de nossa visão do mundo e também o grau de sua profundidade são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera. “ ( é... isso mesmo. Freud ‘ de uns goles nas águas’ de Schopenhauer ).

O sexo se intromete seu lixo e interfere nas negociações dos estadistase nas pesquisas dos eruditos. Destrói os relacionamentos mais preciosos e tira os escrúpulos dos que antes eram honestos e direitos.

Os escritos e idéias deixados em livro por homens como eu são meu maior prazer na vida. Sem livros, teria me desesperado há muito tempo.


- A Cura de Schopenhauer – Irvin D. Yalon. Ed. Ediouro.