domingo, 25 de março de 2007

A Comunicação e sua culpa no cartório social.



Acho que foi por causa de um livro, ou pela falta de ética denunciada massivamente em todas as mídias, que me pôs a pensar sobre o assunto. Pois bem... a ladainha da vez é a COMUNICAÇÃO DE MASSA e seus efeitos. Assunto delicado e muito estudado por Comunicólogos do mundo inteiro. Com a ajuda de um autor chamado Roberto Menna Barreto, e seu livro ‘Análise Transacional da Propaganda’( uma análise sobre a propaganda baseada em uma teoria psicológica ), teci alguns argumentos que considero relevantes para qualquer pessoa que esteja exposta aos meios de comunicação – Ou seja, o mundo todo, sem exceção - , e especialmente para aqueles que estudam e/ou trabalham com comunicação, ou se simpatizam com o tema.

Que fique bem claro, meu intuito não é ‘satanizar’ o Publicitário, Jornalista, ou RP com este devaneio. A grande ‘sacada’ aqui é tentar entender um pouco melhor, de forma racional e crítica, a prática destas profissões. ( Acham que eu escreveria algo que desfavorecesse a profissão na qual pretendo ascender pessoal e financeiramente? ).

“Todos nós que trabalhamos com idéias – práticas e comerciais – avaliadas unicamente em função de retornos econômicos, somos parte da cultura verdadeiramente triunfante do nosso século”.

Acima a frase escolhida para começar a reflexão. Menna Barreto se refere aos profissionais de comunicação e a cultura do consumo. A cultura do ‘ estar na moda’, do ‘atualizado tecnologicamente’, e de todas as outras formas de demonstrar quem possui a detenção do poder econômico necessário para se adequar a lógica do capitalismo: COMPRE... AGORA! Se quiser ser melhor do que o seu vizinho, amigo, ou colega de trabalho.

Decerto, sei que todos que pelo menos acompanham os jornais ou outras formas de informação cotidiana, e tomaram conhecimento do escândalo político envolvendo agências publicitárias usadas como ferramentas pró-corrupção. Confere?
Citei o ocorrido apenas para pegar o gancho da idéia ‘ a comunicação e sua culpa no cartório social’. Mas falo de uma culpa conquistada através de trabalho honesto – ao contrário do ocorrido -, feito por profissionais altamente competentes, e qualificados, ou não. E que estão ali para fazer de tudo e mais um pouco para que a massa compre seus produtos, e adote práticas consumistas e ideologias capitalistas como valores universais. E com isso, fazem com que as pessoas sobrevivam rodeadas por essa cultura irreal, camuflada, e que todos nós tenhamos uma errônea e falsa impressão sobre o cenário social moderno. Há os cientistas, filósofos, e sociólogos que criticam tais práticas, que as julgam como formas de alienação, e que a propaganda e o jornalismo surgiram para ‘cozinhar ao banho Maria’ a massa. Neste ponto até concordo, mas depois de uma breve reflexão surgem perguntas como: Mas quem surgiu primeiro, as agências de comunicação ou o consumismo? Os jornais ou a vontade de saber dos acontecimentos, mesmo que editados ao bel prazer do jornalista? Ficam as perguntas.

Certa vez, Carlito Maia, publicitário brasileiro de carreira excepcional, foi indagado em uma palestra:
- Existe Responsabilidade Social nos meios de comunicação?

Deixou a pergunta no ar e calou-se em sinal de luto. Atitude facilmente interpretada por quem conhece a realidade do mercado de comunicação no mundo, dos interesses de todos os lados neste tipo de negócio, e do volume de dinheiro envolvido. Não há o que explicar, somos todos TODOS vítimas e cúmplices da falta de responsabilidade social, sobretudo os que vivem à custa da comunicação. Falo destes que atiçam o subconsciente social, que determinam valores, elegem candidatos, apóiam ou derrubam movimentos sociais, denunciam fraudes, e que tornam a vida miserável da maioria dos terráqueos em um milagre a cada superação tecnológica, e transformam a realidade em algo mais belo, mágico, e inexplicável a cada comercial de Tv, anunciando o que eles nem sequer tem poder aquisitivo para ter.

E isto tudo é obra de artistas, quer dizer, ‘gente originariamente nascida para a alta realização nas artes plásticas ou na literatura, mas que preferiu, prioritariamente, ganhar dinheiro’, afirma Barreto.

Eis o que chamamos de prosperidade. A prosperidade do capital baseada em alicerces psicológicos, e cada vez mais subliminares. Onde você, que está lendo, é a alma do negócio. Tome cuidado. ;)

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